Atravessar noites em claro, mesmo que seja estudando, não é a melhor forma para fixar informações. Quando somos privados de sono a capacidade de concentração, resolução de problemas lógicos e a memória operacional são prejudicadas. Mesmo as questionáveis pontuações de quociente intelectual (QI) diminuem significativamente quando a pessoa passa muito tempo acordada. “Um adulto em estado de vigília contínua por 21 horas tem aptidões equivalentes às de alguém alcoolizado a ponto de ser legalmente impedido de dirigir”, afirma o professor Sean Drummond, da Universidade da Califórnia em San Diego. Segundo ele, passar duas ou três noites seguidas dormindo tarde e acordando cedo pode provocar o mesmo efeito.

Um estudo recente realizado por especialistas da Universidade de Lubeck, na Alemanha, com 191 adultos, mostrou que dormir bem durante a noite é fundamental para nos lembrarmos melhor do que aprendemos. Os cientistas alemães realizaram especificamente dois experimentos. Num experimento foi pedido que cada participante memorizasse 40 pares de palavras; em outro, as pessoas deveriam participar de um jogo da memória. Em cada uma das atividades, metade dos voluntários era informada que faria testes para avaliação do aprendizado do dia dentro de dez horas, enquanto a outra metade fazia o teste de surpresa. Somente alguns voluntários puderam dormir durante o período entre as tarefas e a avaliação. Os autores do estudo descobriram que aqueles que descansaram obtinham melhores resultados nos testes de memória do que os que ficavam acordados, ainda que estudando.

Isso acontece porque durante o descanso ocorre a síntese de proteínas responsáveis pelo desenvolvimento de conexões neurais, o que aprimora habilidades como memória. Durante a noite, o cérebro seleciona as informações acumuladas, guardando aquilo que considera importante e descartando o supérfluo e fixando, assim, lições que aprendemos ao longo do dia. Por esse motivo, quem dorme mal, geralmente, tem dificuldade em lembrar-se de situações simples, como episódios ocorridos no dia anterior ou nomes de pessoas próximas. A boa notícia é que se uma pessoa não privada de sono cochilar por uma ou duas horas terá rendimento muito melhor que o normal em tarefas que exijam concentração, como uma prova ou um trabalho complexo. Ser capaz de manter a atenção direcionada para determinada tarefa traz benefícios para o desempenho global.

Durante o sono o cérebro processa novas memórias, fixa e afia habilidades e até resolve problemas. A famosa história sobre o químico russo Dmitri Mendeleev (1834-1907) ter subitamente conseguido formular a tabela periódica num sonho depois de um dia inteiro lutando com o problema provavelmente é verdadeira. O sono permite que o cérebro acesse memórias e estabeleça conexões capazes de produzir lampejos de conhecimento.

Fonte: Mente e Cérebro

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