Dormir poucas horas por noite pode impactar nosso sistema imunológico mais do que imaginamos, afirma

estudo do Instituto do Sono, ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O experimento foi coordenado pela pesquisadora Francieli Ruiz e publicado no ano passado no jornal Innate Immunity.
A pesquisadora dividiu 32 homens saudáveis de 19 a 29 anos em 3 grupos: o primeiro foi completamente privado de sono; o segundo,só do sono REM; o terceiro funcionou como grupo de controle. A privação de sono variou entre 24 e 48h, período no qual os voluntários podiam ler, ver televisão e mesmo andar pelas instalações do instituto.
O tempo de privação de sono foi proporcional ao aumento do número de leucócitos (células do sistema imunológico que atuam como “guardiãs” do corpo) no sangue dos voluntários que não dormiram. A mudança foi especialmente evidente número de neutrófilos, variedade que combate a maioria das infecções. Esse crescimento, afirmam os pesquisadores, é indício de inflamação sistêmica, que mostra que a falta de sono desencadeou um alerta no organismo. “Dormir é essencial para que o nosso sistema de defesa responda de maneira adequada”, diz Francieli.
A equipe do Instituto também confirmou outro estudo que mostra que a privação pode reduzir pela metade a produção de anticorpos após receber vacina de hepatite A. “Talvez esta informação seja importante durante campanhas de vacinação, pois, se o indivíduo não dormir bem antes de ser vacinado, seu sistema de defesa não produzirá a proteção adequada ao organismo”, comenta a pesquisadora.
VULNERÁVEIS AO RESFRIADO
Uma única noite de sono reparador não é suficiente para compensar uma sequência de noites maldormidas: ainda que os níveis de neutrófilos e leucócitos voltem ao normal após o descanso, o número de linfócitos T CD4 (responsáveis pela imunidade adaptativa, que é diferente para cada doença) se manteve elevado, e os níveis de imunoglobina (IgA) reduzidos, mesmo depois de três dias de descanso. A IgA está diretamente relacionada à proteção contra organismos capazes de causar doenças e pode ser um dos motivos que torna as pessoas que dormem mal mais suscetíveis ao rinovírus, responsável pelo resfriado comum.
Atualmente, o grupo de pesquisadores analisa o sistema de defesa de trabalhadores em turno. “Ainda não está claro o quanto indivíduos que mudam completamente seu ritmo de sono podem ter a saúde comprometida”, observa Franciel.
Fonte: Mente e Cérebro

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