Há mais de um milhão de pessoas com lesões da medula espinhal nos Estados Unidos e se estima que a cada ano se apresentam 11.000 casos novos. Por outra parte, calcula-se que há pelo menos 100.000 veteranos com lesões da medula espinhal (LME), pelo qual Veteran Affairs constitui o sistema integrado de atenção à saúde, mais extenso no mundo, para a atenção da LME. No entanto, apesar desta grande prevalência, os pesquisadores ainda estão descobrindo todas as diversas formas em que a LME afeta as pessoas que têm o transtorno, além da paralisia manifesta. Por exemplo, os cientistas por muito tempo souberam que os pacientes com LME têm significativamente mais probabilidades que as pessoas sem LME de apresentar transtornos que ocasionam alterações da respiração durante o sono. Estes compreendem apneia do sono, um transtorno grave no qual a respiração dos pacientes se detém periodicamente durante o sono devido aos sinais defeituosos provenientes do cérebro. Contudo, não se sabia se o nível da lesão tinha alguma correlação com o risco do transtorno da respiração durante o sono.
Para pesquisar mais esta questão, Abdulghani Sankari, do Centro Médico de VAI John D. Dingell e da Universidade do Estado de Wayne, estudaram a respiração durante o sono em oito pacientes com LME em nível dorsal, a qual produziu paralisia de suas pernas, e oito pacientes com LME cervical, que produziu paralisia do tronco e das quatro extremidades. Descobriram que as pessoas com LME cervical tinham significativamente mais probabilidades de mostrar um transtorno da respiração durante o sono ou ser suscetíveis a fatores que a desencadeiam. Estes achados indicam que os pacientes com paralisia do pescoço para baixo −quadriplégicos− têm um aumento do risco de apneia do sono central.
O título do artigo é «A tetraplegia é um fator de risco para a apneia central do sono». Aparece na seção de artigos em imprensa do Journal of Applied Physiology, publicado pela American Physiological Society.
Métodos
Os pesquisadores estudaram 16 pacientes com LME. Oito destes sujeitos de estudo tinham LME dorsal na qual a medula espinhal estava lesada em nível do tórax, paralisando suas pernas. Outros oito tinham LME cervical, na qual havia lesão da medula espinhal em nível de pescoço.
Cada um destes voluntários foi submetido a testes iniciais no laboratório de pesquisa do sono da VA de Detroit para avaliar diversos fatores, entre eles, sua respiração durante o sono. Os indivíduos cujos testes mostraram que não havia apneia do sono central foram submetidos a outro teste validado em uma diferente sessão no laboratório, a qual consistiu em dormir com uma máscara nasal conectada a um respirador que periodicamente produzia apneia do sono central e calculava a concentração de dióxido de carbono à qual a respiração parava o «patamar de apneia». Naqueles que mostraram apneia do sono central já durante os testes iniciais, os pesquisadores utilizaram um teste diferente que consistiu em introduzir gás misturado com dióxido de carbono, com o propósito de calcular a concentração necessária para abolir seu apneia do sono central. Além disso, eles avaliaram a eficiência do sistema respiratório dos indivíduos com LME durante o sono.
Resultados
Os pesquisadores descobriram que 63% dos pacientes com LME cervical tinham apneia do sono central, em comparação com apenas 13% dos pacientes com LME dorsal. Estes pacientes com LME cervical são mais suscetíveis à apneia central e precisam menos reduções do dióxido de carbono em seu sangue para desencadear um ataque de apneia do sono central em comparação com os pacientes com LME dorsal. A eficiência do sistema respiratório em indivíduos com LME cervical foi mais baixa e sua respiração foi mais superficial durante o sono que naqueles com LME dorsal.
Importância dos achados
Estes achados indicam que a zona onde está a lesão na medula espinhal −no pescoço ou mais abaixo− pode influir na probabilidade e no tipo de problemas de respiração durante o sono, incluída a apneia do sono central. Compreender de que maneira e por que a respiração noturna destes pacientes é afetada poderia ajudar os médicos a tratar melhor seus transtornos, afirmam os autores, protegendo a saúde e as vidas dos pacientes e dos veteranos.
Fonte: Medical News Today
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